Mãe de primeira viagem: Como lidar com os desafios da maternidade

Você conseguiu. Você é mãe! É possível que isso tenha acontecido por meio do parto. Talvez tenha ocorrido através da adoção. Mas a agonia de esperar durante o trabalho de parto ou os meses de burocracia finalmente culminou no encontro face a face com seu tesouro especial. E agora você está levando essa criança maravilhosa e incrível para casa!

Todo tipo de emoção transborda de você — uma mistura de alegria, admiração e, se você for esperta, muito provavelmente um pouco de medo saudável também. Você pensa: “Que tipo de mãe eu serei? Como será esta criança?”.

Se você deu à luz esse filho, provavelmente passou por algum curso de técnicas preparatórias para o parto. Aprendeu a respirar em diferentes padrões durante aquelas aulas noturnas nos dias de semana, e, nos sábados e domingos, fez compras em lojas de produtos para bebês, escolheu o berço, o trocador de fraldas e as roupinhas. Você folheou diversos livros para encontrar o nome perfeito, a fim de garantir que nenhum filho seu viesse a ter um nome estranho.

Quando o dia finalmente chegou, havia cinco pessoas numa pequena sala, todas lhe dizendo o que fazer. Elas pareciam seguras de si e, para ser justo, tinham a intenção de apoiá-la. Mas não levou muito tempo para que você percebesse que era a única naquela sala que sentia dores bem reais.

Quando viu o rosto de seu filho pela primeira vez, você contemplou a concretização de anos de esperança, a alegria depois da dor da infertilidade ou da gravidez interrompida por um aborto espontâneo. Seu deslumbramento por segurar aquela criança misturou-se a uma pontada de dor — você sabia do sacrifício por que passara outra pessoa pata que esse filho fosse trazido a sua vida. Ao se dirigir para casa, você jurou que seria definitivamente a melhor mãe que pudesse ser para essa criança realmente especial.

PREPARE-SE PARA O PEQUENO TIRANO!

Dois meses atrás, era apenas você, se você for mãe solteira, ou você e seu marido, se for casada.

Se você é mãe solteira, está acostumada a tomar decisões sozinha — ouve conselhos dos outros e, então, decide. Se é casada, formal ou informalmcnte, vocês dois já elaboraram um acordo cm relação a quem cabe determinado tipo dc poder e influência nas decisões da família. Como a maioria dos casais, vocês certamente já estão bastante confortáveis com esse arranjo das coisas. As linhas de comunicação foram estabelecidas, vocês dois entendem como as coisas funcionam e já alcançaram um estado relativo de paz.

Tudo isso está prestes a mudar. Ele vai controlar sua vida

Esse filho, por mais inocente e mais doce que possa parecer, imediatamente começará a formular uma estratégia para controlar por completo sua vida, sua casa, seu talão de cheques e cada segundo do seu dia. Não é brincadeira, nem exagero. É a natureza humana. Seu filho descobrirá um jeito de manipular você. De maneira consciente ou não, essa criança pesquisará que botões precisam ser pressionados para que você faça o que ela quer.

Você é motivada pelo medo? Seu primogênito descobrirá um jeito de aproveitar-se disso. Você cede a um choro contínuo? Ele entenderá isso rapidamente. Você é persuadida por rebelião hostil? Se for esse o caso, ele vai atacá-la sem piedade.

Ele terá um forte senso de ordem. Sempre haverá uma luta pelo poder com esse filho. Por natureza, os primogênitos tendem a ser bastante meticulosos. Os primogênitos têm uma necessidade de ordem. Eles gostam de estar no controle, e por uma boa razão: em geral eles estão!

Ele vai Liderar o bando e definir tudo. 

É mais ou menos assim. Tenho um amigo que participa de corridas e maratonas. Certa vez tentei chamar a atenção dele para o fato de que a maratona tinha esse nome por causa de uma corrida de pouco mais de quarenta quilômetros feita por um mensageiro que, ao entregar a mensagem, caiu morro imediatamente; mas meu amigo não pegou a dica. Por ser um corredor exímio, ele tem de fazer algo com o qual a grande maioria das pessoas que entra em corridas não se preocupa: ele precisa saber o caminho. Quando se tem a grande possibilidade de liderar a corrida, não se pode simplesmente seguir o bando. A maior parte dos corredores pode aparecer dez minutos antes da largada, sabendo que sempre haverá pessoas na frente, às quais eles poderão seguir ate o final da prova.

A necessidade que meu amigo maratonista tem de conhecer o percurso é o papel familiar do primogênito. Ele estará mais ou menos encarregado de qualquer irmão mais novo por toda a vida. Quando você leva para casa o bebê número dois, três, quatro ou (não respire, ainda não chegamos no meu número!) cinco, cada uma dessas crianças pode olhar em volta para ver o que se espera delas e distinguir como as coisas funcionam. Seu primogênito nunca terá isso. Diante dos irmãos, o primogênito orgulhosamente pensa: “Já estive lá, já fiz isso. Conheço esta casa. Conheço estes pais. Já tenho tudo calculado”. Você não precisa lhe dar o papel de encarregado da situação; ele já o assumiu! 

Pelo fato de agirem com a noção de que estão no comando, os primogênitos tendem a ser mais teimosos. 

EXISTE UMA PRIMEIRA VEZ PARA TODO MUNDO

Neste momento, alguns leitores podem estar perguntando, de maneira cética: “Será que os primogênitos, os filhos do meio e os caçulas são assim tão diferentes?”.

A resposta é: “Mais do que você jamais seria capaz de imaginar”. Para começar, tenha em mente que seu primogênito tem tanta experiência como bebê quanto você tem como mãe! Quando o segundo filho aparecer no pedaço, você já terá acumulado algo entre 18 e 36 meses (ou mais) de experiência com a maternidade. Mas o primeiro filho estava empatado com você quando chegou.

Mas, por favor, não veja essas características dos primogênitos como algo negativo; muitas qualidades positivas surgem delas. Como já mencionei, um número enorme de líderes da sociedade, de chefes de governo, de altos executivos e de profissionais de destaque são primogênitos. Seu primeiro filho provavelmente vai deixá-la boquiaberta com a ousadia dele.

Se teve de viajar para o exterior, também está fisicamente exausta. Seu filho está acostumado a um fuso horário; vocês estão em outro completamente diferente. Seu dia é a noite dele; a noite dele é o seu dia.

Valorize os períodos da noite e da manhã. Existem outros dois momentos feitos sob medida para criar vínculos: assim que seu filho acorda pela manhã e a hora em que vai dormir à noite. Pense nisto: com o que alguém sonharia com mais frequência se, pouco antes de cair no sono, visse o mesmo rosto lhe sorrindo todas as noites e depois esse rosto fosse a primeira coisa que o saudasse pela manhã? Essa regularidade confere a seu filho uma sólida base de segurança.

Não sou médico, mas minha prática como terapeuta me dá alguma autoridade para afirmar que, em termos psicológicos, seu filho será grandemente beneficiado por momentos desapressados de criação de vínculo, em particular antes de dormir. Algumas crianças se sentem ávidas por aconchego logo depois de acordar também. Na realidade, não há quantidade de ‘tempo de qualidade” que possa substituir esses intervalos ideais.

Seja o herói de sua esposa. Ser mãe de uma criança pequena é realmente difícil. É um trabalho de vinte e quatro horas por dia. Não é de surpreender que muitas mães decidam permanecer em casa com seus filhos (falaremos mais sobre isso num capítulo adiante). Contudo, algumas pessoas ainda desprezam as mães que ficam em casa, achando que elas não contribuem tanto com a sociedade. Essas pessoas mal informadas tem muito a aprender sobre os desafios de ser o tipo de mãe que está “de plantão” o tempo todo. E o mesmo precisa acontecer com qualquer pai que trabalha fora de casa e não enxerga os desafios que a mulher enfrenta minuto a minuto. Mas você pode ser diferente. Você tem a oportunidade de ser o herói de sua esposa e um grande pai para seu filho ao entrar em campo e assumir a posição dela.

Como fazer isso? Amigo, tudo gira em torno de pequenas coisas. Ligue para casa quando estiver no mercado e pergunte à sua esposa: “Você precisa de alguma coisa?”. Saia com ela, mas assegure que você vai ligar e conseguir alguém para ficar com o bebê. Não deixe por conta dela todo o planejamento para as noites de folga. Limpe a cozinha de modo que sua esposa não se sinta nem mesmo tentada a fazê-lo. Ponha a roupa para lavar. Arrume a cama. Tente pensar cm todas as pequenas coisas que sua mulher faz e que você antes achava que aconteciam natural mente.

Depois de tornar-se mãe, sua esposa tornou-se participante daquilo que chamo de a “Ordem das Mulheres-Velcro”: todas as necessidades acabam grudando nela. Jantar e cinema parecem ótimos, mas serão ainda melhores se você organizar tudo. Ela talvez precise que você abra um espaço na agenda nas noites de quinta-feira para que ela vá à academia ou tenha algum tempo para si mesma. Se você está começando a franzir a testa, pode parar. Sei que você já vê menos sua esposa e agora estou lhe dizendo que deve deixá-la sair mais ainda! Mas acredite em mim: tudo isso vai retornar para você. No coração ela dirá: “Sou tão feliz por ter me casado com esse homem”, e vai amá-lo mais intensamente por isso. E, marido, as esposas costumam ter maneiras bem criativas e legais de dizer quanto nos apreciam!

Dar de mamar pode parecer extremamente difícil para a mãe de primeira viagem. P taticamente toda nova mãe se derrama cm lágrimas, dizendo: “Achei que seria fácil. Natural. Por que não funciona comigo?”. Mas persevere um pouco — vai funcionar. Pode levar alguns dias para que seu filho aprenda a “pegar” o bico do peito e não soltar e, sim, ele precisará mamar por vários dias antes que o leite “desça”, embora tenha a porção de colostro. Colostro é o leite mais grosso e mais escuro produzido pelas glândulas mamárias nos primeiros dias de amamentação. Tem pouca gordura, alta taxa de carboidratos, proteína e anticorpos e apresenta uma concentração mais elevada de fatores imunológicos do que o leite maduro. A La Leche League International [organização não governamental que estimula o aleitamento materno] o descreve como “uma vacina natural e 100% segura” contra doenças e infecções posteriores. É provável que demore um pouco para que seus mamilos sensíveis se adaptem aos constantes puxões da boca de um bebê faminto. Portanto, espere por dificuldades no início, em vez de se surpreender com elas. E entenda que aquilo pelo que você está passando é praticamente universal — mas os benefícios compensam em muito as lutas iniciais.

Trecho do livro: 
Mãe de primeira viagem: Como lidar com os desafios da maternidade - do nascimento ao primeiro ano da pré-escola