Dor de Crescimento

Kelly K. Anthony e Laura E. Schanberg

Mais apropriadamente denominadas dores noturnas benignas da infância, as dores de crescimento afetam 10% a 20% das crianças, com pico de incidência entre os 4 e 12 anos. A dor não ocorre durante períodos de crescimento rápido ou em locais de crescimento. Causa mais comum de dor musculoesquelética recorrente em crianças, as dores de crescimento são intermitentes e bilaterais, afetam predominantemente a face anterior da coxa, a região pré-tibial e a panturrilha, mas não as articulações. Ocasionalmente, pode haver dor nos membros superiores bilateralmente, associada à dor nas pernas; a dor isolada no membro superior não ocorre. As crianças mais comumente descrevem dores em cólicas ou dor incômoda que ocorre no final da tarde ou à noite. A dor pode acordar a criança e pode durar de alguns minutos a horas, mas se resolve rapidamente com massagem ou analgésicos; a dor nunca está presente na manhã seguinte (Tabela abaixo).

A dor muitas vezes ocorre após um dia com exercícios ou outras atividades físicas. Os achados físicos são normais, e a marcha não é prejudicada. As dores de crescimento geralmente são consideradas uma condição benigna, que cessa com o tempo; há evidências que sugerem que as dores de crescimento representam uma síndrome de amplificação dolorosa. Na verdade, as dores de crescimento persistem em uma percentagem significativa de crianças, com algumas crianças desenvolvendo outras síndromes dolorosas, como dor abdominal e cefaleias. As dores de crescimento têm maior propensão a persistir em crianças com pai/mãe que tem histórico de síndrome dolorosa e em crianças que têm limiares de dor mais baixos. O tratamento também deve incidir sobre a tranquilização, orientações e higiene do sono. A massagem durante o episódio é muito eficaz, e fármacos anti-inflamatórios não esteroides podem ser úteis para episódios frequentes.

Tabela - Definição de “Dores de Crescimento”
INCLUSÕES EXCLUSÕES
Natureza da dor Intermitente; alguns dias e noites sem dor, dor incômoda, em cólicas Persistente; intensidade aumentada, dor durante o dia
Unilateral ou bilateral Bilateral Unilateral
Localização da dor Face anterior da coxa, panturrilha e posterior do joelho - nos músculos Dores articulares, no dorso ou na virilha
Início da dor No final da tarde ou à noite Dor ainda presente na manhã seguinte
Achados físicos Normais Edema, eritema, sensibilidade; trauma ou infecção local; redução na amplitude de movimento articular; claudicação, febre, perda ponderal, massa
Achados laboratoriais Normais Evidências objetivas de anormalidades; aumento na velocidade de hemossedimentação, proteína C-reativa, anormalidades no hemograma completo, radiografia, cintilografia óssea ou ressonância magnética

De Evans AM, Scutter SD: Prevalence of “growing pains” in young children, J Pediatr 145:255-258, 2004.
NELSON, Tratado de Pediatria, 20Edição.